É inadequado, no mínimo, o ritmo do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para tentar reduzir o número de acidentes com caminhões no Anel Rodoviário de Belo Horizonte. No ano passado, esse número já era espantoso, com a média de 3,2 acidentes por dia. Nada se fez, e a média subiu para 3,8 neste ano.


Para se compreender a importância desse trecho de apenas 17 quilômetros de estrada, o Anel Rodoviário dá continuidade a três movimentadas rodovias federais que chegam e saem da capital mineira: BR-262, BR-040 e BR-356. Além disso, ele cruza a Via Expressa, a Linha Verde e algumas das principais avenidas da cidade, como Amazonas, Antônio Carlos, Carlos Luz e Pedro II.


Por sua relevância, o governo estadual e a prefeitura da capital têm interesse no bom funcionamento desse trecho de rodovia que se encontra sob a administração do Dnit. Há alguns anos, o governo federal permitiu que a própria prefeitura fizesse o recapeamento asfáltico de todo o trecho, que estava em péssimas condições de trânsito. O município gastou muito dinheiro, mas o problema da insegurança no trânsito não diminuiu.


Mais recentemente, quando o hoje ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, era prefeito de Belo Horizonte, a Federação das Indústrias, então presidida por Robson Andrade, doou à prefeitura o projeto básico do Anel Rodoviário. O projeto foi entregue pela prefeitura ao Dnit, que o aprovou e iniciou o processo de licitação de obras. Mas não foi em frente. O projeto foi defendido pela executiva municipal do PT, presidida pelo vice-prefeito Roberto Carvalho, em outubro do ano passado.


Quatro meses antes, a presidente Dilma Rousseff, durante solenidade no Palácio da Liberdade, prometeu R$ 4 bilhões para obras de reforma do Anel Rodoviário, construção do Rodoanel e duplicação da BR-381 entre Belo Horizonte e Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, liberando imediatamente R$ 17 milhões para elaboração do projeto executivo das obras no Anel. Isso se deu há quase ano e meio, mas só no próximo dia 5 serão abertos os envelopes da licitação para a escolha – em 2013! – da empresa que vai elaborar o projeto executivo desse custoso trecho de 17 quilômetros, onde só neste ano morreram 10 pessoas e 156 ficaram feridas, em 1.052 acidentes envolvendo caminhões. Nesse período, foram atropelados dirigentes do Dnit – não por eles, mas por denúncias de corrupção.